Ela era uma freqüentadora assídua de minha casa, não raramente participava das confraternizações que por lá ocorriam, sejam festas de comemorações natalinas, aniversários e anos vindouros. Desde muito pequeno acostumei-me aquela figura quase maternal, chamando-a e a tratando como “Tia Carla”, que muitas vezes serviu o almoço para mim e meus irmãos, pois mamãe tardara a voltar do trabalho e precisávamos estar bem alimentados para ir à escola, ou mesmo nos repreender de forma rígida por alguma peripécia que fizéssemos.
Mamãe desde o ponto que minha lembrança consegue compor fatos, sempre fora mãe solteira. Papai era militar de alta patente, os dois casaram-se muito cedo, como convinha a moças de familiar fazer, logo me puseram ao mundo e no prazo de cinco anos estava acompanhado de mais dois irmãos. Ela nunca se queixara do meu velho, mas sabíamos uma história ou outra sobre sua arrogância excessiva e seus vícios. Vovó é que criara uma apatia sobre sua pessoa, pois todo o lado avesso ao que era atribuído pelos outros ao meu pai vinha dela -“Tá que aquele é um jagunço! Minha filha é que pasta naquele campo seco!” - dizia. Tomei conhecimento sobre suas brigas nos bares da cidade e rixa com algumas pessoas por conta das conversas que escutava enquanto parecia estar distraído brincando com meus aviões e tanques de guerra. Foram tantas vezes que ouvi os fofoqueiros talharem - ”Ricardo fez se homem pra cima daquele sujeito”, e enchiam os olhos e transbordavam sobre os lábios saliva ao contar mais um feito do militar. Apesar de toda a fama de “mão pesada” que papai carregava, dentro de casa fora incapaz de colocar suas patas a não ser de modo muito afetuoso em qualquer um de seus habitantes.
Porém todo homem por mais homem que seja um dia encontra outro que se faça valer também, e não foi diferente com meu velho que trombou com um sujeito chamado “Corujão”, um cafetão dos bordeis da cidade. Atribuíram-lhe tal nome por tratar suas putas como um pai, pai coruja que fazia questão de por o cliente a esperar no quarto enquanto levava o produto agarrada ao braço, um verdadeiro gentleman. Uns dizem que papai e ele se desentenderam jogando bilhar, Corujão e ele alterados começaram a trocar farpas e no auge da discussão o malandro fez um comentário pejorativo sobre a farda que papai tanto gostava de ostentar, então partiram para um conflito físico que o marginal levou a melhor ao quebrar o taco na cabeça do oponente e com o que sobrara do objeto agora cheio de pontas fincá-lo dentro do abdômen assassinando o rival. Essa é a versão que prefiro acreditar. A outra é que Ricardo estava freqüentando os “puteiros” da rua Matacavalos e um dia muito bêbado se negou a pagar a acompanhante por seus serviços, uma mulher muito bonita que era famosa entre os homens da cidade,que trazia tatuado a cintura Pandora e sua caixa de segredos. Quando ela insistiu pelo ordenado papai deu bofetadas em seu rosto o que implicou num acerto de contas com o cafetão, três tiros certeiros antes que ele pudesse pensar em vestir as ceroulas. Após isso a amizade entre mamãe e Carla que após o casamento andava meio esquecida foi criando laços cada vez mais fortes. Tia foi o consolo que minha velha tanto necessitava.
Com o tempo fui crescendo e tomando ares de homem, criado por mulheres, pois faltara uma figura masculina em casa já que minha mãe nunca pusera outro em sua vida. Na adolescência Carla se revelara uma confidente fantástica e me ensinara alguns truques sedutores que logo me conduziram a ter a primeira relação sexual, prematuramente diga-se. E assim fui levando até assimilar suas idéias e ter criado uma fama no público feminino. Ao atingir a maioridade eu já era um “metelão”!
Mamãe sentia ciúmes de tanta intimidade, tentava colocar-se nos nossos assuntos, mas era ignorada, preferia tê-la como uma mãe tradicional, dava-lhe todo afeto e receava que ela pensasse que estava criando outro Ricardo debaixo de seu teto. Apesar de levar uma vida amorosa invejável e começar a dar os primeiros passos na carreira profissional, nunca me faltara a decência e a responsabilidade de pai para meus irmãos. Eu era filho, sobrinho e pai dentro do meu círculo familiar.
Após alguns anos Tia Carla começou a ter dificuldades financeiras, estava desempregada e como estávamos mantendo nossa casa com certa folga no orçamento a convidamos para mudar-se. Ela sempre fazia uma tremenda confusão quando explicava sobre seu trabalho, e só sabíamos que havia estado muitos anos no mesmo labutar, mantendo-se todos esses anos confortavelmente numa casa frente a nossa. Outra curiosidade é que não era e nunca fora casada, não tinha a menor tendência a beata, porém nunca tive notícias de homens em sua vida.
Quando se mudou não pude deixar de notar que tamanho desperdício estava ancorado sobre o mesmo teto que eu. Ela possuía curvas por todo o corpo além dos detalhes sórdidos que notei nos varais de casa que os deixo subentendidos. Não fazia sentido uma mulher como ela abdicar de relacionamentos.
Minha curiosidade aumentava e não conseguia conte-la. Já tornava-se freqüente deparar-me fingindo ler algum jornal só para me por frente ao corredor quando ela passasse embrulhada depois dos banhos. Não tardou até minha ousadia me levar para ler o jornal dentro do seu quarto esperando ela vir contornada numa toalha que arranquei num súbito ato.
Quando a vi coberta pelo meu corpo quase não pude controlar meus impulsos. Não podia propiciar pouco prazer aquela que fora meu guia de copulação. Minha vontade era incontrolável, eu entrava e saia freneticamente, a segurava com força, com tamanha força que meus dedos pareciam enterrar em suas coxas. Ela fechara os olhos e inspirava ofegante a cada penetração, agarrando a roupa de cama desesperadamente. Comecei a distrair-me propositalmente para que aquilo não durasse míseros cinco minutos, e comecei a pensar em meu finado pai. Corria lembranças em um álbum de imagens que projetava-se em minha mente quando ela falou quase suspirando –“Você é melhor que seu pai menino”- aquilo só me fez ir com mais voracidade no ato...
Ela estava deitada massageando seu órgão com os olhos fechados e as pernas semi abertas com os joelhos ao ar, correndo a mão sobre sua tatuagem. Sentia seu corpo latejar, seus membros possuíam marcas de várias formas, prostava-se no deleite de um pós sexo. Do outro lado da casa, na cozinha, já afiava uma faca que ganhará do meu avó quando juntos penetrávamos nas matas ao redor da cidade. Eu acabo de terminar aquilo que meu pai deveria ter feito antes de ser pego por aquele cafetão, eu conservei a primeira versão de sua morte.
Queremos post novo!
ResponderExcluirQueremos post novo!
Queremos post novo!
Esse foi violento!
ResponderExcluirParabens Henrique.